Todo mundo sabe a importância da oralidade na vida diária das pessoas, possuir uma boa fluência verbal é fundamental. É por meio dela que as pessoas se integram a grupos, expressam e compartilham pensamentos, ideias e vontades, são infinitas as possibilidades.

Por outro lado, existem transtornos que afetam a oralidade e a fluidez da fala, como é o caso da gagueira. Um distúrbio neurobiológico da fluência de fala, caracterizado por repetições, bloqueios, ou prolongamentos de palavras. Essas rupturas são involuntárias que prejudicam efetivamente a comunicação verbal.

Aproximadamente 1% das pessoas gaguejam. No mundo, são quase 70 milhões e, no Brasil, aproximadamente 2 milhões de pessoas têm algum grau de gagueira. Esses dados são de acordo com a Associação Brasileira de Gagueira

O problema central do transtorno consiste na dificuldade do cérebro em sinalizar um término de um som ou de uma sílaba e passar para o som seguinte. A pessoa que gagueja sabe bem o que quer falar, porém, não consegue ajustar o tempo certo, fazendo o prolongamento do som ou pausas.

Existem três tipos de gagueira, a do desenvolvimento, a neurogênica e a psicogênica. A mais comum é a do desenvolvimento, que surge na infância e atinge cerca de 80% das pessoas que gaguejam. 

A gagueira neurogênica é a disfluência adquirida, ela se apresenta em pessoas que não tinham o problema, mas passaram a ter por causa de algum comprometimento no sistema nervoso central. Através de um (AVC), por exemplo, por meio de acidentes com a cabeça, ou uma lesão no cérebro que pode ter afetado a fala.

Já a menos comum é a gagueira psicogênica, mais conhecida como a psicológica, surge na adolescência e na fase adulta.

Quais são as causas da gagueira?

Ainda não se sabe exatamente as causas da gagueira. Mas estudos indicam que ela é neurobiológica. “O distúrbio afeta o cérebro de forma funcional e estrutural”, explica a especialista.

O diagnóstico é realizado por um fonoaudiólogo, a partir de uma observação comportamental.

Tratamento: quando os pais devem procurar ajuda?

Para Lívia Souza, fonoaudióloga do Instituto Fale, centro referência no tratamento de Apraxia de Fala na Infância em Brasília afirma que o diagnóstico precoce e o início do tratamento com a orientação de um fonoaudiólogo especializado em fluência de fala são atitudes fundamentais para evitar que a gagueira se torne crônica. 

Para ela, os pais devem ficar atentos quanto à fluidez da fala das crianças, e caso notem alguma alteração ou ruptura por períodos de tempo longos, devem buscar ajuda. “A primeira infância é uma ótima janela de oportunidade para que a intervenção favoreça a recuperação total do quadro dessa criança”, explica.

A especialista esclarece que ainda existe uma crença de esperar um tempo para que o problema passe sozinho, o que não ocorre. E que hoje, as pessoas com o problema devem ter outra conduta. “Assim que identificar as falhas na fala é recomendado procurar ajuda.

Outro fator importante a ser destacado é que as crianças têm maiores chances de cura. Ou seja, elas podem ter uma recuperação total da fluência. Isso porque, nesta fase, a neuroplasticidade está em processo de evolução. “Essa habilidade que o cérebro tem de criar novos caminhos, de se adaptar às mudanças, e de reprogramar é muito importante para a criação de novas sinapses necessárias para o aprendizado. Então, quanto antes realizar a intervenção, melhor”.

Livia Souza demonstra que a neuroplasticidade vai além de aprender a falar e andar. Mas também de aprender comportamentos sociais, como a convivência e a ter empatia pelas pessoas. “O ambiente onde a criança está inserida também é importante no tratamento. Como em casa junto a família e na escola, esses espaços são ideais para estimular a fluência da fala.

Já a intervenção e o tratamento em fase adulta, pode e deve acontecer pensando na qualidade de vida da pessoa, para que haja uma redução dessas rupturas atípicas na fala.

A fonoaudióloga ainda destaca que a terapias são realizadas levando em consideração a idade e as características do distúrbio de cada paciente. Ela ainda dá uma boa dica para conversar com as pessoas que possuem a gagueira. “Você tem que ser um bom ouvinte, e escutar o que a pessoa tem a dizer. Sem apressá-la ou interrompê-la. Deixá-la concluir o pensamento da melhor forma.

O Instituto Fale é o principal centro de referência para a Primeira Infância em Brasília. Nossos profissionais são especialistas em desenvolvimento da linguagem, fala, cognição e habilidades motoras. Fazemos atendimento bilíngue e provemos total acolhimento às famílias atendidas. Agende aqui sua primeira consulta.